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Empresas brasileiras investem mais em diversidade, mas ainda não sabem como levar o tema à liderança

Um estudo da consultoria global Deloitte mapeou o estágio das iniciativas de diversidade nas empresas brasileiras.A boa notícia é que a maioria está aberta ao tema. A má é que há muito ainda por fazer

As organizações estão conscientes do valor que as iniciativas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) agregam à estratégia de negócio e há dados que comprovam isso. O estudo “Diversidade, Equidade e Inclusão nas Organizações 2023”, realizado pela Deloitte, empresa de consultoria, mostrou que para a maior parte das empresas que participaram da pesquisa, as iniciativas de DE&I promovem:

  • um ambiente mais acolhedor (96%),
  • melhoram a qualidade da força de trabalho (95%),
  • geram valor (94%).

O estudo ouviu profissionais de 355 empresas entre 24 de julho e 02 de outubro.

Apesar dos avanços que essas companhias já realizaram na área, como ações estruturais e de governança, ainda existem desafios para aprimorar a gestão e desenvolver mais iniciativas de comunicação que estimulem o processo de aculturamento para além de suas estruturas internas.

“A promoção da diversidade nas empresas transcende a mera responsabilidade social; é um pilar estratégico vital. Ao cultivar um ambiente inclusivo, não se reflete apenas a diversidade vista na sociedade, mas também se impulsiona a inovação e a eficiência,” afirma Ângela Castro, sócia-líder da estratégia de Diversidade e Inclusão ALL IN Deloitte.

Incorporando a diversidade inclusive na gestão

Práticas ou áreas dedicadas à diversidade, equidade e inclusão são prioridade para 63% das organizações participantes, e 7 em cada 10 já as estabeleceram em 2023, resultado que reflete uma presença consolidada do tema nas empresas, segundo a edição da pesquisa deste ano.

Entretanto, os respondentes observam desafios relacionados à:

  • Resistência interna,
  • Cultura organizacional,
  • Ambiente de negócios conservador,
  • Baixa adesão das lideranças.

Esses pontos também foram destacados na edição de 2022 do levantamento, evidenciando a necessidade de maior aculturamento das pautas DE&I em todo o ecossistema.

Pouco mais de um terço das empresas (33% e 31%) indicaram os desafios de promover respeito e acolhimento por parte dos profissionais em cargos executivos e, na sequência, operacionais.

Esta visão é confirmada por parte dos profissionais pertencentes a grupos minorizados e, dessa forma, segundo o estudo, as principais ações aplicadas pelas organizações para minimizar cada vez mais essas adversidades são:

  • Promoção do respeito às diferenças no local de trabalho (86%),
  • Treinamento voltado para líderes (84%).

A busca por esse aculturamento tem sido percebida como positiva para mudanças culturais e organizacionais por pelo menos 7 em cada 10 empresas participantes:

  • 76% dos respondentes acreditam que as práticas de DE&I têm gerado mudanças culturais,
  • 74% relatam que têm contribuído para uma transformação organizacional.

Para quem reportam?

Das organizações participantes, 76% possuem práticas ou uma área dedicada a DE&I, sendo que a maioria (61%) se reporta ao departamento de Recursos Humanos e, na sequência, à presidência (23%).

A pesquisa revela que a estruturação de comitês ou grupos de afinidade evoluiu em quase todas as frentes em comparação com 2022. A maioria (71%) tem grupos de afinidade estruturados, com uma média de três por organização, sendo estes voltados para:

  • Mulheres (57%),
  • Raças e etnias (53%),
  • LGBT+ (51%),
  • Grupos destinados a pessoas com deficiência (47%).

Nas empresas de maior porte, aquelas com faturamento a partir de R$ 2,5 bilhões, a média de criação dessas frentes avança para quatro grupos, segundo o estudo.

Estas frentes de afinidade são lideradas por ao menos um membro do grupo minorizado na maioria das organizações participantes, com destaque para:

  • Mulheres (93%),
  • LGBT+ (79%),
  • Raças e etnias (75%).

A evolução das iniciativas

Dentre as iniciativas, o levantamento também destaca que as relacionadas à governança (62%) e estrutura (56%) foram as mais adotadas até 2021 — ressaltando a prioridade das organizações em promover uma conduta inclusiva e atender às legislações vigentes. Isso inclui:

  • Uso de canais anônimos (71%),
  • Códigos de ética (70%),
  • Rampas (65%),
  • Elevadores (74%),
  • Banheiros adaptados (70%).

Já as iniciativas de gestão estão em processo de adoção, alinhando-se gradualmente com a estratégia organizacional.

Quanto às ferramentas de comunicação, as empresas participantes planejam implementar mais iniciativas nos próximos anos, afirma Castro. “Essas empresas pretendem expandir suas ações para além do público interno, que será uma abordagem crucial para externalizar seu propósito tanto para seus profissionais quanto para o mercado em geral.”

Indicadores e metas apontam transformação nas organizações

As metas de diversidade, equidade e inclusão adotadas por 87% das empresas participantes estão alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), de acordo com o estudo.

Um número significativo de empresas já está monitorando indicadores de DE&I, com os mais estabelecidos entre os participantes na área de Recursos Humanos. Dos respondentes:

  • 70% afirmam ter adotado indicadores de DE&I até 2023,
  • 77% relatam que esses indicadores fazem parte da estratégia ESG da organização.

Entre os indicadores mais adotados e acompanhados pelas empresas estão:

  • Contratação de profissionais e lideranças pertencentes a grupos minorizados (85%)
  • Profissionais envolvidos em frentes de diversidade, equidade e inclusão (62%).

Expectativas para 2024

Em relação às práticas a serem adotadas nos próximos anos, as empresas destacaram uma atenção especial para as áreas de liderança voltadas para pessoas com deficiência (44%) e LGBT+ (33%), visando ampliar suas contribuições nas decisões estratégicas dos negócios.

A maioria (64%) das organizações participantes aumentou seus investimentos em DE&I em comparação com 2022, e para 2024, a previsão é de um cenário de manutenção. Isso reforça a ideia de que a visão das organizações está cada vez mais estratégica, permitindo que os investimentos na área sejam assertivos, identificando pontos de atenção e oportunidades em cada uma de suas frentes.

Com os investimentos realizados neste ano e uma maior conscientização sobre o valor gerado pela adoção dessas iniciativas em seus negócios, as empresas estão passando por uma fase de amadurecimento, mensurando resultados e gerenciando o orçamento de maneira cada vez mais precisa.

“Ao incorporar a diversidade como parte fundamental da estratégia de negócio, as organizações saem fortalecidas e contribuem positivamente para um ecossistema empresarial mais dinâmico e sustentável”, afirma Castro.

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