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Violência contra pessoas pretas, o que há de novo?

Esta semana, deparamo-nos novamente com algo que parece não mudar. Um relatório divulgado na terça-feira (5) pelo Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos aponta que o racismo sistêmico ainda é um desafio para a participação significativa de afrodescendentes nos assuntos públicos no Brasil.

A porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos reconheceu que,dos 44 países analisados, o Brasil é onde a situação é mais preocupante, especialmente em relação à violência policial brutal e desproporcional contra negros.

Ravina Shamdasani afirmou que aqui, embora o número geral de mortes por policiais tenha diminuído em 2021, pela primeira vez, em nove anos, o número de negros mortos pelas forças de segurança aumentou.

Analisando o relatório, a fala da alta autoridade da ONU e também os últimos acontecimentos envolvendo violência contra pessoas negras, seja na cidade de Salvador onde uma ialorixá, líder quilombola, foi brutamente assassinada com vários tiros no rosto, seja em Guarujá, litoral paulista onde quase 20 pessoas foram assassinadas após a morte de um policial da Rota, o que podemos peceber é a similaridade da retórica, em que as autoridades estaduais, responsáveis pela segurança pública,esboçam em suas respectivas ações respostas públicas.

Embora o estado da Bahia seja governado por um governo de esquerda, alinhado com o governo Lula,também de esquerda, a resposta, tanto do ponto de vista da retórica política, como nas ações práticas,não foi diferente da resposta política e prática do governo paulista, de tendência de direita na defesa dos aparatos de segurança pública tanto criticados pela Alto Comissariado da ONU

Este é um dado novo, algo nunca ocorrido nesses quase cinquenta anos de redemocratização do Brasil, onde nunca o discurso autoritário, distante da defesa incondicional da vida, consequentemente dos Direitos Humanos, teve confluência nas dialéticas políticas de direita e esquerda.

O que estamos assistindo é novo e pode ser um sinalizador de políticas públicas e sociais, que sempre pareceram divisores de águas em ações e práticas no Brasil, na forma de governar desses campos opostos.

O que estamos assistindo é um alinhamento entre esquerda e direita, estando, pela primeira vez na história da redemocratização do país, um só discurso alinhado, conservador, autoritário, onde o pragmatismo político se apresenta maior que a questão ideológica, num salve-se quem puder, pois não tem pra onde correr e nem pelo que sonhar.

 

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